A inteligência artificial geral, ou AGI, é um campo de pesquisa teórica em IA que busca criar softwares com a capacidade de autoaprendizado. O objetivo é que eles sejam capazes de realizar tarefas para as quais não foram necessariamente treinados ou desenvolvidos, podendo se equiparar ou até superar a inteligência humana.
Não existe uma previsão de quando a AGI será criada – ou se isso irá ocorrer algum dia. Mas esse conceito, que mais parece fruto da ficção científica, já se consolidou como uma das principais linhas de pesquisa sobre IA hoje.
O que é AGI?
A inteligência artificial geral (“artificial general intelligence”, em inglês) se refere a um tipo de inteligência artificial que possui a capacidade de entender, aprender e aplicar conhecimentos em uma ampla variedade de domínios.
Ao contrário da inteligência artificial “comum”, que é projetada para tarefas específicas, a AGI seria generalista e teria uma compreensão abrangente do mundo, sendo capaz de adaptar-se a novas situações, aprender com experiências e realizar uma variedade de tarefas intelectuais complexas.
Quais seriam os usos da AGI?
Algumas das tarefas complexas que a AGI teria capacidade de resolver são:
- Resolução de grandes desafios globais
A AGI poderia ser usada para encontrar soluções para problemas como a mudança climática e a fome, analisando grandes conjuntos de dados e identificando padrões que os humanos não conseguem ver. Além disso, seria capaz de aplicar conhecimentos de um domínio em outro, acelerando a inovação e a resolução de problemas interdisciplinares.
- Automação generalizada e eficiência operacional
A AGI poderia impulsionar a automação generalizada em vários setores, indo além das capacidades da inteligência artificial específica. Em indústrias como manufatura, logística e agricultura, ela poderia operar máquinas complexas, otimizar cadeias de suprimentos, antecipar demandas e realizar tarefas variadas sem intervenção humana constante.
- Exploração espacial
A AGI poderia ser usada para projetar sondas espaciais e naves espaciais mais eficientes que poderiam viajar para partes mais distantes do espaço. Isso nos permitiria explorar outros planetas, luas e asteroides com mais detalhes do que nunca.
Além disso, ela poderia ser usada para analisar dados de telescópios e outros instrumentos, o que serviria, inclusive, para procurar sinais de vida em outros planetas.
Quais os desafios para chegar à AGI?
Atualmente, já contamos com diversos modelos avançados de inteligência artificial, mas nenhum deles se aproxima do conceito de AGI. Isso porque existe uma grande complexidade inerente ao desenvolvimento dessa tecnologia.
Os principais obstáculos que se apresentam nesse cenário incluem:
- Estabelecer conexões
Os modelos de IA atuais são restritos a áreas específicas – ou seja, diferentemente dos seres humanos, eles não conseguem aplicar conhecimento de um domínio em outro com facilidade. Por exemplo, modelos de IA treinados para fazer o reconhecimento de imagens não conseguem criar websites.
Para estabelecer essas conexões, seria necessário realizar um treinamento profundo e extenso para permitir que o software consiga lidar com dados desconhecidos.
- Percepção sensorial
Para a verdadeira manifestação da AGI, os sistemas de IA precisam interagir fisicamente com o ambiente externo. Além das habilidades em robótica, esses sistemas devem perceber o mundo como os humanos fazem.
As atuais tecnologias de computação ainda necessitam de muitos avanços para diferenciar formas, cores, gostos, cheiros e sons de maneira precisa, tal como fazem os humanos.
Quais são os riscos da AGI?
Devido à complexidade e à natureza avançada da AGI, a busca por essa tecnologia levanta inúmeras preocupações sobre os seus potenciais riscos, como:
- Superinteligência descontrolada
Se a AGI atingir um nível de superinteligência, ou seja, se ela ultrapassar substancialmente a inteligência humana, pode se tornar difícil ou impossível para os seres humanos prever ou controlar suas ações.
- Desalinhamento de objetivos
Pode haver um desafio em garantir que os objetivos da AGI estejam alinhados com os valores e interesses humanos. Se não for cuidadosamente programada e controlada, a AGI pode agir de maneira inconsistente com os valores humanos.
- Falta de transparência e controle
Se a AGI operar de maneira complexa e difícil de entender, isso resultaria em falta de transparência sobre suas decisões e ações, criando incertezas sobre a confiabilidade e a segurança do sistema.
- Impacto ambiental e recursos
Construir e operar sistemas AGI pode exigir enormes recursos computacionais e, consequentemente, energéticos. Se não forem gerenciados de forma sustentável, esses requisitos podem ter impactos negativos no meio ambiente.
Devido a esses riscos, muitos pesquisadores, organizações e especialistas em ética estão envolvidos em elaborar diretrizes e princípios éticos para o desenvolvimento responsável da AGI.
Quando teremos uma AGI?
É importante notar que, até o momento, a AGI ainda não foi alcançada e permanece como um objetivo de pesquisa em andamento no campo da inteligência artificial.
Muitos especialistas estão trabalhando para desenvolver sistemas de IA cada vez mais avançados, mas a criação de uma inteligência artificial que possa verdadeiramente replicar a amplitude e a profundidade da inteligência humana é um desafio significativo.
No ano passado, o fundador do Softbank, Masayoshi Son, afirmou acreditar que a AGI chegará em 10 anos – porém, ele ressaltou que é provavelmente o único especialista da área a ter uma visão tão otimista. A maioria dos especialistas acredita que alcançaremos a AGI em algum momento entre 2050 e 2100.
